Sou Louco ou Médium? Loucura x Mediunidade?
O dicionário Aurélio define “mediunidade” como a condição de médium; e “médium” como o intermediário entre os vivos e as almas dos mortos. Potencialmente, todos somos médiuns. Ou seja, a mediunidade é condição natural do ser humano, pois se trata de uma faculdade inerente ao espírito. Neste sentido, a mediunidade faz parte da natureza do homem e, portanto, não há nada de sobrenatural. Em verdade, a mediunidade é um tipo de transe que pode ser provocado de forma mediúnica por espíritos bons ou maus e pela indução hipnótica. Alguns a possuem em estado bastante aflorado; são pessoas muitos sensíveis, pois receberam uma preparação em seu corpo espiritual (perispírito) antes de reencarnar para exercerem sua mediunidade; outras, a possuem em estado latente e, portanto, precisam desenvolvê-la.
Não obstante, a ciência médica e a psicológica ainda associam as manifestações mediúnicas a distúrbios psiquiátricos. Desta forma, os médiuns que incorporam seres “invisíveis” e/ou ouvem suas vozes, são diagnosticados como esquizofrênicos.
No entanto, nas últimas décadas, muitos pesquisadores têm demonstrado que vivências mediúnicas não estão necessariamente associadas a quadros patológicos. O Dr. Mauro Kwitko, psiquiatra de Porto Alegre é autor do livro “Doutor, Eu Ouço Vozes!” Neste livro, Kwitko busca fazer um diagnóstico diferencial entre distúrbios psiquiátricos e mediunidade.
Um outro médico psiquiatra, o Dr. Alexandre Moreira de Almeida, defendeu a tese: “Fenomenologia de Médiuns Espíritas” no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP. Almeida traçou o perfil de saúde mental de 115 médiuns. No final do trabalho, o psiquiatra concluiu que todos apresentavam uma boa saúde mental, apesar de terem visões e ouvirem vozes alheias aos seus pensamentos. A banca à qual o psiquiatra defendeu sua tese foi composta por pesquisadores destacados e de renome internacional que fizeram elogios e críticas ao seu trabalho. Sua tese foi aprovada pela banca.
Na minha prática clínica, em meu consultório, é comum os pacientes entrarem em transe mediúnico (estado alterado de consciência) após a indução ao relaxamento profundo e pela ação dos espíritos de elevada (ou de pouca) evolução. É por isso que na entrevista inicial de avaliação (anamnese), fico atento às queixas de dores e doenças relatados por eles, cujas causas, apesar de se submeterem a todos os exames médicos, não foram encontradas. Essas queixas e doenças podem ser um indicador de que alguns pacientes têm uma mediunidade “aberta”.
Observei ainda o seguinte quadro clínico frequentemente apresentado por eles:
- Dores pelo corpo que se manifestam ora em um lugar, ora em outro;
- Frio nas extremidades das mãos e dos pés;
- Sintomas de doenças; queda de pressão, falta de ar, arrepios;
- Dor na nuca, enjôo e cabeça pesada;
- Calafrios no corpo todo, chegando a apresentar febre;
- Instabilidade emocional, que vai da euforia, agitação, ansiedade, instabilidade e nervosismo à depressão sem causa aparente, bem como choro fácil;
- Pensamentos negativos, pessimismo.
Veja a seguir o caso de uma paciente que, por conta de sua mediunidade aflorada, desenvolveu uma doença (queda de cabelos) e uma série de problemas de ordem emocional.
Caso Clínico:
Mulher de 40 anos, solteira.
A paciente veio ao meu consultório se queixando dos seguintes problemas:
1 – Instabilidade emocional que ia da euforia, agitação, ansiedade, irritabilidade e nervosismo à depressão sem causa aparente. Portanto, ria e chorava facilmente;
2 – Síndrome do Pânico (sensação de desmaio, falta de ar, sudorese nas palmas das mãos, ansiedade intensa) e Agorafobia (medo de espaços abertos, de sair de casa);
3 – Manifestações de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo): a mania de várias vezes se certificar se deixou a porta trancada, se fechou a torneira, o botijão de gás e se desligou o interruptor de luz;
4 – Queda de cabelo (falhas pela cabeça toda);
5 – Pensamentos negativos, pessimismo;
6 – Ouvia permanentemente uma criança chorando muito;
7 – Sentia calafrios pelo corpo todo.
Todos esses sintomas se manifestaram quando a paciente foi trabalhar no Japão (paciente é descendente de japoneses). Antes era calma, tranqüila e não apresentava, portanto, nenhum desses problemas.
Ao regredir me relatou: “Vejo uma casinha de palha. Dentro, vejo um velho de barba que veste uma roupa velha. Está sozinho e se apóia numa bengala. Ele está sentado na cadeira. Estou vendo-o na porta da casa dele que fica num campo cheio de árvores. Ele também é japonês. Sinto que esse homem é muito ruim”.
- Veja o que ele fez para você – pergunto-lhe.
“Para mim ele não fez nada, mas para os outros sim… Eu estou na porta, não quero entrar, não quero conversar com esse velho (Pausa).
Vejo agora cenas horríveis de seu passado. Ele trabalha para o Imperador do Japão, numa época muito antiga, do tempo dos samurais. Ele era cobrador de impostos e com os camponeses que não pagavam os impostos, ele mesmo fazia justiça com as suas próprias mãos, cortando a cabeça deles com sua espada. É horrível!!! Eu o vejo cortando as cabeças (paciente chora intensamente). Em muitos casos, ele chegava a executar cortando a cabeça de todos os membros da família que não pagava os impostos. Ele não se arrepende e ainda dá gargalhadas. Ele fala consigo mesmo em japonês dizendo que foi somente mais uma morte e sai correndo cobrando os impostos de casa em casa (pausa).
Vejo agora o filho de um homem de quem ele decepou a cabeça indo atrás dele para tentar se vingar da morte do pai. Ele matou toda a família do velho e, em seguida, ateou fogo em sua casa. Só não o matou propositadamente para ele sentir na própria pele o sofrimento de perder uma família.
Ele queria era matar as pessoas que não o pagavam.
Toda a sua economia estava guardada em sua casa. Como no fim ficou sem dinheiro, ele cortou todas as árvores de sua propriedade para vendê-las.
Na verdade, o Imperador não sabia das dívidas desses camponeses. Quando ficou sabendo o mandou prender porque era proibido fazer isso na época. Ele só podia fazê-lo com a ordem do Imperador. Como era amigo do Imperador, achou que não iria acontecer nada com ele. Mas o velho acabou fugindo, não quis pedir perdão e clemência ao Imperador porque era muito orgulhoso.
Vejo-o correndo pela floresta – há dias passando muita fome – até que encontrou uma casinha de palha no meio de um matagal”.
- Avance mais para frente nessa cena, anos depois – peço-lhe.
“Ele foi envelhecendo, vejo-o de cabelos grisalhos e bem compridos. Até chegar à velhice, sofreu muito. Vivia com medo que os soldados do Imperador o encontrassem, pois se fosse encontrado, iria ser executado. Os espíritos daquelas pessoas que ele matou, aparecem para ele sem as cabeças”. (pausa).
- Vá prosseguindo nessa cena – peço-lhe.
“Ele está doente, quer pedir perdão, tem necessidade de confessar seus pecados a um monge”.
- Vá para o momento de sua morte – peço-lhe.
“Ele está deitado na cama, bem magro. Quer confessar o que fez nessa vida passada para mim, quer que eu o escute. Mas digo a ele que não sou monge para escutá-lo. Ele está deitado na cama gemendo, com a boca aberta querendo que eu o ajude. Digo para ele que nem me conhece. Ele responde que me conhece, que é da minha família, se identifica como sendo o meu tataravô paterno. Diz que estava me esperando para falar comigo. Diz também que por influência dele os meus cabelos caíram; foi ele que me deixou careca. Ele dá risadas”.
- Pergunte-lhe por que ele ri – peço à paciente.
“Ele fala que não queria que isso acontecesse, mas era a única forma que encontrou para me pedir ajuda, porque ele queria se redimir dos seus pecados. Diz que morreu sem ter ninguém a quem pudesse confessar os seus pecados. Ele me pede desculpas por ter me deixado careca, pede perdão por tudo que fez em seu passado porque quer descansar em paz. Diz ainda que ficou vagando por muito tempo após a sua morte (mais de um século). Ele faleceu naquela casinha.
Eu o desculpo, apesar de tudo que ele cometeu. Fala que antes de mim se manifestou em uma outra parenta (tia do meu pai). Ela também perdeu os cabelos, mas como não acreditava em espíritos, achou que a queda de cabelos fosse alguma doença. Ele me procurou porque eu tenho uma mediunidade aflorada. Diz que está contente por me ver, por isso ri. Precisava conversar com alguém, estava vagando sozinho, e sente ainda muita fome”.
- Pergunte-lhe se ele quer ser ajudado – peço à paciente.
“Diz que sim. (pausa).
Estou vendo-o agora sendo carregado por uma entidade de luz que o leva a um lugar cheio de flores e borboletas brancas. Ele está feliz, me agradece por ter procurado a sua ajuda (Terapia de Vidas Passadas). Está se despedindo de mim e agradece ao senhor também”.
Ao término da sessão, a paciente estava visivelmente emocionada, porém com uma fisionomia serena e tranqüila. Após passar por mais quatro sessões de regressão, estava se sentindo muito bem, mais centrada e calma, e todos os seus sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) haviam desaparecido.
Seu medo de sair de casa havia sumido também, não apresentava mais a Síndrome do Pânico, bem como os pensamentos negativos e pessimistas.
Abraços Fraternos,
Bruxo Branco
Fonte: Livro”Experiências de Regressão” - Osvaldo Shimoda
Terapeuta, criador da Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), a Terapia do Mentor Espiritual.
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