Manifesto Fama Fraternitatis - Fraternidade Rosacruz
Circulado em manuscrito em 1610; publicado pela primeira vez em 1614, este Manifesto contém a biografia de um personagem mítico chamado Christian Rosenkreutz.
Nascido em 1378 de uma nobre linhagem germânica, "C.R.". Diz-se que ele viajou ao Oriente, pelo Islã e à Terra Santa, em busca de conhecimentos secretos, mas os encontrou em "Damcar, Arábia", onde "os sábios lhe receberam, não como um estranho, mas como alguém que aguardessem há muito tempo". Depois de uma estadia de três anos em Damcar, durente a qual traduziu ao latim um misterioso livro intitulado M, Christian Rosenkreutz empreendeu uma viagem a Fez, onde "se pôs em contato com os chamados elementais, que lhe revelaram muitos dos seus segredos". Após outras viagens, regressou à Alemanha, onde fundou a Fraternidade Rosa-Cruz, "composta a princípio por somente quatro pessoas, que elaboraram a linguagem e a escritura mágicas com um grande dicionário que ainda continuamos a utilizar diariamente, para louvor e glória de Deus".
Ele morreu com 106 anos, após ter lançado as bases dessa fraternidade que só se fará conhecer no início do século XVII. Teve por discípulos nobres viajantes que partiam em missões pelo Ocidente e Oriente: "Esse homens, dirigidos por Deus e por toda a máquina celeste, escolhidos entre os mais sábios dos vários séculos, viveram na mais perfeita união, no maior mutismo e na maior alegria".
O ensinamento de Christian Rosenkreutz está condensado em três manuscritos misteriosos, e apenas decifráveis por seus discípulos:
- Axiomata (o mais erudito)
- Rotae Mundi (o mais sutil)
- Prothaeus (o mais útil)
Mas a lendária vida do fundador não teve tanta transcendência histórica como a sua suposta morte e o descobrimento da sua tumba. Segundo os folhetos, a localização da sepultura de Christian Rosenkreutz foi esquecida: "Nós, que fomos dos últimos, ignoramos quando faleceu o nosso amado pai R.C.". Mas ao serem realizadas uma obra na sede central da fraternidade, descobriu-se em uma parede um prego de bronze que, ao ser arrancado, revelou a existência de uma porta escondida, na qual apareciam inscritas as palavras POST CXX ANNOS PATEBO ("serei aberto depois de 120 anos"). Ao ser aberta a porta foi encontra uma cripta de sete paredes, e "embora naquela cripta nunca brilhasse o sol, estava iluminada por outro sol... no seu centro havia um altar redondo, coberto com uma tampa de bronze... Como ainda não tínhamos visto o corpo do nosso amado e sábio pai, movemos o altar para um lado; depois levantamos uma pesada tampa de bronze e descobrimos um corpo em perfeito estado de conservação". Além das paredes da cripta, os confrades encontraram livros, espelhos mágicos, sinos e candelabros de chama perpétua.
Haviam outras inscrições, algumas conhecidas:
"Ex Deo nascimur, in Jesu morimus, per Spirictum Sanctum reviviscimus" ("Nascendo de Deus, Morrendo com Jesus, ressuscitamos no Espírito Santo")"A.C.R.C. Hoc universale compendium vivis mihi sepulcrum feci" ("Mandei fazer este sepulcro, que para os vivos representará uma síntese di Universo")
Em 1622, os cartazes afixados em Paris anunciavam:
"Nós deputados do principal colégio dos irmãos da Rosa-Cruz, constituímos residência visível e invisível nesta cidade, pela bondade do Altíssimo, para o qual estão voltados os corações dos justos. Mostramos e ensinamos a falar todas as espécies de línguas, para que possamos livrar os homens, nossos semelhantes, de erro mortal"
A declaração suscitou um grande alarido. Não se sabe quem respondeu àquele chamado, nem como foram acolhidos os pedidos e por quem o foram.
Essa declaração anônima causou um grande estardalhaço tanto na Corte como na cidade, conforme provado nas "memórias" e anais da época. Difundiram-se os boatos mais contraditórios. Julgar-se-á por este trecho extraído de Gustave Naudi, protegido de Richelieu:
"Eles (os rosa-cruzes) afirmavam que a doutrina de seus mestre era a mais sublime que se podia imaginar; que eles eram piedosos e sensatos ao mais alto grau; que, por revelação, conheciam aqueles que eram dignos a pertencerem à sua companhia, que não eram sujeitos à fome, nem à sede e tampouco à doenças; que comendavam os espíritos mais poderosos..."
Confessio Fraternitatis
O Confessio Fraternitatis é uma apelo aos sábios da Cristandade, a fim de que se dêem a conhecer a se unam numa obra comum, para reformar a Sociedade e estabelecer a Pax Profunda, aquela dos Estados e dos corações.
Esse manisfesto segue as mesmas linhas do Fama Fraternitatis que apareceu primeiro na Alemanha, na cidade de Kassel em 1615. Foi escrito em Latin e para a maioria, ele repete a mensagem do Fama, porém com mais paixão e detalhes. O Confessio oferecia alguns detalhes a mais de como se tornar membro da Fraternidade Rosacruciana e condenava aqueles que não aceitavam suas verdades. A parte mais interessante do Confessio é a seção que descreve sinais astronômicos (duas novas estrelas) que apareceram no céu no mesmo ano que a tumba de Christian Rosenkreutz foi descoberta. O autor do Confessio interpretou esses sinais como anúncios de uma nova era espiritual.
Basicamente, estes dois documentos contam a Lenda de Rosenkreutz. É bem possível que a intenção desses folhetos fossem a de estimular o espírito pesquisador e, por meio da alegoria, apoiar politicamente os protestantes do Palatinado. Mas são penas especulações. Se existiu ou não uma fraternidade denominada Rosa-Cruz, não importa. O importante é que o renascimento espiritual que constituiu o núcleo da Lenda e que exprime o que Jung chamava "uma verdade psíquica", um aspecto da realidade próprio da mente do homem ocidental, tenha existido ou não no mundo exterior. Com certeza, isto não quer dizer que não tenham existido ou não âmbito intelectual europeu que concedesse maior ou menor importância à história do "pai R.C.". No século XVII teve verdadeira importância, e a lenda inspirou muitos estudos, algumas fantasias e algumas poucas loucuras. Ao avançar o século, os eruditos inclinados a tais estudos foram cada vez menos; a mecânica de Newton e a filosofia de locke pareciam proporcionar as respostas a todas as perguntas que valiam a pena serem questinadas. Documentos Relacionados
- Fama Fraternitatis
- Confessio Fraternitatis
- Casamento Alquímico - Novela alquímica com múltiplos sentidos, publicada em 1616 em alemão - Nele, o narrador, supostamente o próprio Christian Rosenkreutz, descreve sua experiência como convidado (não como noivo, como sugere o título) no casamento de um rei e uma rainha que moravam em um castelo maravilhoso.
Paz Profunda,
Abraços Fraternos
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